Resumo: Artigo 36257
Notas preliminares sobre as drogas da inteligência(46,90,98,96,105,114)
Brisa Totti, Universidade Federal de Minas Gerais, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 1:15PM - 3:15PM sala 204 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 2 - Chair: Rosa Pedro
Abstract.
Esse trabalho pretende acompanhar o surgimento de determinados estimulantes cognitivos, anunciados como drogas da inteligência, e a partir desse fenômeno problematizar, principalmente, atuais limites do que comumente é considerado como agência.Em um primeiro momento recorrerei à Psicologia e sua antiga controvérsia acerca da inteligência humana, para com isso situar quais são as atuais definições de inteligência,com as quais as drogas da inteligência estão se defrontando. Em um segundo momento,verificarei a relação entre a pesquisa científica e a mudança tecnológica, investigando de que maneira o aparecimento destas novas drogas pode estar influenciando redefinições da noção de inteligência.A partir deste ponto desenvolverei sobre a necessidade de pensarmos,para este caso,também as agências não humanas.Para uma abordagem mais empírica da questão, assim como para o auxílio de outros para respondê-la, acompanharei a prescrição e o consumo de uma substância chamada Ritalina - desenvolvida inicialmente para diagnósticos de hiperatividade e déficit de atenção - que já utilizada por pessoas que não têm esses distúrbios com a intenção de obter as mesmas finalidades das anunciadas drogas da inteligência a saber, maior concentração, capacidade de memória, vigília e rapidez de raciocínio. Ao acompanhar o surgimento e o consumo de um medicamento (dois dentre tantos fenômenos que envolvem ciência e sociedade) sob a ótica dos chamados estudos da ciência, parto do pressuposto de que se trata de domínios imbricados, pois estou levando a sério a acusação de Bruno Latour, e outros, de que não se sustenta mais um mundo concebido por certa constituição moderna que o separa em dois domínios, povoados respectivamente por humanos e não humanos, compostos, também respectivamente, pela política, pela cultura e pelos sujeitos, de um lado, e pela ciência, pela natureza e pelos objetos, de outro. Para que seja possível operar pragmaticamente com essa idéia é necessário que também sejam consideradas nesta pesquisa questões relativas ao conteúdo científico daquelas da neurofarmacologia, pois me parece que só dessa maneira a ação dos não humanos envolvidos com as drogas da inteligência (neurônios, camundongos, proteínas, enzimas, pílulas etc) poderá ser levada em conta. Pois tendo a acompanhar Gabriel Tarde quando ele afirma que a ciência multiplicou os agentes do mundo e que seriam os verdadeiros agentes os pequenos seres que dizemos infinitesimais, e as verdadeiras ações essas que dizemos serem infinitesimais. Em suma,o objetivo final é conseguir demonstrar essa multiplicação de agentes, através da investigação da possível influência das drogas da inteligência nas redefinições das próprias concepções de inteligência. E com isso, conceber de outra forma a atuação dos produtos da pesquisa científica, nesse caso os medicamentos, que passariam a ser vistos não mais somente como produtores de uma alteração nos humanos, mas como sujeitos de uma alter-ação sobre os humanos.